Todos
se lembram, se não se lembram, já, pelo menos, ouviram falar ou até conhecem, a
música We are the World: USA for Africa (vide abaixo). Ela é uma composição da
década de 1980 de Michael Jackson e Lionel Richie e contou com a participação
de 45 artistas famosos dos EUA. O objetivo da campanha era arrecadar dinheiro
para combater os problemas que o continente sofria após cerca de duas décadas
(com exceção de alguns países que tinham apenas 10 anos) de libertação do
imperialismo que tanto destruiu a África desde o século XIX. Quatro meses após
o lançamento de We Are the World a música tinha arrecadado quase 10,8 milhões
dólares americanos, a maior parte do dinheiro veio de vendas de discos dentro
os EUA; fora uma parte doada pelo público estadunidense.
Retirado de <https://www.youtube.com/watch?v=_mG7WzCto3Q>
O dinheiro arrecadado não seria aplicado todo de uma só vez, pois os organizadores e os administradores do projeto julgavam que seria previsto mais 10 ou 20 anos para que esta ajuda surtisse um efeito verdadeiro. Se aplicassem o dinheiro desenfreadamente poderiam até ter um grande resultado, mas apenas em curto prazo. No mês de junho de 1985, o primeiro jato de carga do USA for Africa decolou transportando alimentos, remédios e roupas para a Etiópia e para o Sudão. Ele fez uma parada em Nova York, onde 15 mil camisetas foram adicionados à carga, além de suprimentos como biscoitos ricos em proteínas, vitaminas, medicamentos, tendas, cobertores e equipamentos de refrigeração.
Não negamos a grande ajuda que os EUA e todo o chamado “Ocidente”
deram ao continente africano neste momento, mas este movimento teve uma contrapartida:
acabou por reforçar o estereótipo da África da fome, da morte e da miséria. Esta
visão da África como um continente horrível vem desde muito tempo; devemos nos
desvencilhar deste olhar etnocêntrico que tanto reduz as maravilhas e conhecimentos
que o continente possui.
Por isso, um grupo de jovens uniu-se e
fez o inverso: e se a África ajudasse um país europeu necessitado? Como seria?
O vídeo Radi-Aid – Africa for Norway (vide abaixo; ele está em inglês, mas a
seguir colocamos uma legenda livre em português) nos mostra como seria a
campanha. Esta proposta nos faz refletir sobre atitudes que, muitas vezes, são
inconscientes, mas que devemos parar e refletir e ponderar se realmente
pensamos estas coisas ou se apenas estamos produzindo conceitos e afirmações
que foram construídos historicamente e que há muito estão descontextualizados,
para não dizer, completamente preconceituosos. Espero que após, assistir as
duas campanhas, você, caro leitor, reflita sobre a mensagem que as duas passam
e por que é necessário refletir sobre nossa maneira de agir para com o
continente africano.
Retirado de <https://www.youtube.com/watch?v=oJLqyuxm96k>
LEGENDA:
Na Noruega crianças estão congelando,
é tempo de nós ajudarmos;
há coração o suficiente para a Noruega
se os africanos compartilharem.
Ainda os africanos ficam pensando
"Não podemos contribuir";
o calor que temos,
gostaríamos de compartilhar,
mas não podemos distribui-lo.
(Refrão)
Agora a mesa se inverteu,
agora é África pela Noruega
e não há maneira
de fecharmos os olhos,
nós vimos que eles estão congelando.
Como africanos conscientes,
enviamos nossos aquecedores a caminho,
Radi-Aid para Noruega
com uma brisa tropical.
Aqui em África,
nós tivemos nossos problemas também
com pobreza, corrupção,
com HIV e o crime.
A Noruega deu uma ajuda,
nos ensinaram o que fazer
e agora é o tempo de retribuir.
(Refrão)
Junte-se a Radi-Aid!
Diga sim! Enviamos nossos aquecedores a caminho.
Junte-se a Radi-Aid!
Diga sim! Enviamos nossos aquecedores a caminho.
Diga sim, Radi-Aid!
(Este é uma tradução livre)
Para aprofundar as informações, acesse:
<http://en.wikipedia.org/wiki/We_Are_the_World#Humanitarian_aid>
<http://www.usaforafrica.org/index.html>
<https://pdgc2012a.wordpress.com/2012/11/23/the-power-to-construct-discourse-%E2%80%A8radi-aid-africa-for-norway/>
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